
Nova Nota Fiscal de Serviços exigirá atenção redobrada e mudanças estruturais na rotina contábil
Com a chegada da reforma tributária, a figura do contador assume uma nova posição de protagonismo no cenário empresarial brasileiro. Uma das alterações mais impactantes será a padronização nacional da Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e), que deixará de ser regida por centenas de legislações municipais para se tornar um modelo unificado, mais tecnológico e alinhado com os novos tributos criados: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).
Um novo paradigma para a emissão de NFS-e
A atual diversidade de sistemas e regras locais será substituída por um padrão nacional, o que exigirá adaptações significativas por parte dos profissionais contábeis e das empresas emissoras. A nova NFS-e trará campos obrigatórios específicos, como:
- Detalhamento da alíquota do IBS e da CBS;
- Identificação do local de destino do serviço;
- Validações automatizadas em tempo real;
- Integração direta com os sistemas da Receita Federal e do Comitê Gestor do IBS.
Essa nova estrutura promete ampliar a transparência, aumentar a rastreabilidade das operações e otimizar a fiscalização eletrônica, ao mesmo tempo em que eleva o grau de complexidade e responsabilidade na emissão do documento fiscal.
O impacto direto na rotina do contador
Diante desse novo cenário, o contador deixa de ser apenas o executor da escrituração fiscal para assumir um papel estratégico. A NFS-e, que passa a ser um dos principais instrumentos de arrecadação do novo modelo tributário, exigirá:
- Requalificação técnica das equipes contábil e fiscal;
- Atualização dos sistemas de emissão fiscal e ERP;
- Monitoramento contínuo das regras de transição e testes de aderência ao novo modelo;
- Diálogo mais ativo com o setor de TI e com o cliente final para garantir conformidade.
Além disso, será necessário redobrar a atenção sobre a classificação correta dos serviços, bem como sobre as regras de destino e local de incidência dos tributos.
Riscos de não adaptação
Com validações automáticas cada vez mais sofisticadas, erros não passarão despercebidos. A tendência é de uma malha fiscal eletrônica mais rígida, com maior capacidade de cruzamento de dados. Inconsistências na emissão poderão gerar autuações fiscais, bloqueios de créditos tributários e comprometer a saúde financeira das empresas.
A falta de preparo para as novas exigências também pode representar perda de competitividade no mercado. Empresas que negligenciarem os ajustes necessários correm o risco de sofrer penalidades e atrasos operacionais, impactando diretamente sua performance econômica e reputação junto ao Fisco.
Compliance e protagonismo contábil
Mais do que um documento de registro, a nova NFS-e se posiciona como uma peça estratégica de compliance fiscal. Os profissionais da contabilidade que se anteciparem, dominarem os aspectos técnicos do novo sistema e se posicionarem como consultores especializados estarão um passo à frente — e poderão conduzir seus clientes de forma segura e eficiente pelas transformações previstas até 2033.
A reforma tributária já começou. Adaptar-se agora é a chave para garantir segurança fiscal e eficiência operacional no futuro próximo.
Fonte: Daniel Sousa – Contador, especialista em recuperação de créditos tributários e embaixador da FENT Educação, para o portal Migalhas.